Será raro o dia que não ouvimos uma criança tossir. Tosse, não porque está doente, mas porque o organismo está a responder a uma possível irritação da mucosa, no percurso desde a boca/nariz, até aos pulmões.
Para conseguirmos distinguir se existem problemas associados, comecemos por conhecer alguns tipos de tosse:
– Tosse produtiva: ocorre na fase média da gripe ou constipação e na sinusite bacteriana, com saída de grandes quantidades de secreções. Se for em grandes quantidades, a criança chega a engasgar-se. Piora à noite, principalmente em crianças que, por não terem limpo adequadamente o nariz durante o dia, acumularam expectoração.
– Tosse Seca: ocorre nos quadros alérgicos e/ou associados a irritação ou a corrimento aquoso – como nas rinites e sinusites alérgicas – e na fase final da gripe ou constipação.
– Tosse Seca (com pieira ou “gatinhos”): parece uma tosse seca mas ocorre geralmente após esforços físicos, à noite e pode vir acompanhada de cansaço (adejo nasal, tiragem supraesternal e infracostal). Causada pela asma, bronquite ou bronquiolite.
– Tosse laríngea ou de “cão”, causada por laringite, levando a crises de tosse com ou sem rouquidão associada. Geralmente é viral, mas pode evoluir com gravidade principalmente se o início for súbito e estiver associado a inchaço nos olhos ou boca. Observar sinais de cansaço (adejo nasal, tiragem supraesternal e infracostal).
Tratamento da Tosse
A maioria dos quadros de tosse não exige nenhum tipo de tratamento específico e muito menos medicamentoso o que se pretende é facilitar a saída de expetoração (caso exista) ou aliviar a inflamação da mucosa.
– Vapor de água: O vapor, ao entrar pelas vias aéreas, irá tornar as secreções mais fluidas e desta forma facilitará a sua eliminação. O período dos banhos é uma óptima oportunidade para deixar a criança inalar o ambiente húmido na casa de banho.
– Higiene Nasal com Soro Fisiológico: O mais importante tratamento, já que a maior parte dos quadros afeta o nariz numa idade onde a maioria das crianças ainda não o sabe assoar. Lembre-se que é necessário limpar muitas vezes ao dia.
– Nas crises de tosse Laríngea, permita que a criança inale ar fresco, dentro ou fora de casa (desde que agasalhada). Deve evitar aquecer demasiado o quarto pois pode provocar novas crises.
– Elevação da cabeceira da cama: Não trata a tosse, mas permite que a criança tenha menos tosse e/ou dificuldade em respirar.
– Broncodilatadores: Só com prescrição médica. São utilizados nas asmas e bronquiolites. Podem ser usados com câmara expansora ou feitos em aerossóis (mais eficazes em câmara expansora). Procedimento: Lactente (<1ano) sentado ao colo dos pais, criança mais velha sentada. Agitar antes de usar. Adaptar o nebulizador à camara. Aplicar o puff, contar 10 respirações da criança. Repetir este procedimento o número de vezes prescrito pelo médico assistente.
– Antitússicos: Só mesmo se o médico recomendar uma vez que, geralmente, não são aconselhados por que inibem um reflexo de tosse que protege o nosso corpo contra a agressão. São sobretudo utilizados para melhorar os sintomas na laringite pois a tosse é irritativa e deixa as crianças cansadas.
– Mel: É um bom expetorante nos maiores de 1 ano de idade. Caso não haja alergias.
Resumindo
A tosse é muito comum na infância e não deve ser motivo de stress já que a maior parte dos quadros (95%) são doenças leves e de fácil tratamento.
Instrua o seu filho desde cedo a colocar o braço à frente da boca, evitando que a tosse seja projetada para outras pessoas.
Deve ligar Saúde 24 sempre que existam dúvidas sobre a ida ao pediatra.
Saúde para todos!
Nota: As informações que publicamos são direcionadas para as crianças de uma forma geral. É essencial seguir as recomendações específicas para a criança, dadas pelo médico assistente.
Elaborado com colaboração do Enf. Paulo Fonseca (Enfermeiro e Formador experiente na área da dificuldade respiratória em pediatria)